Abaixo o Golpe em Honduras!
Fora "Pinocheletti!"
- Ruptura de relações diplomáticas com os golpistas!
- Por uma jornada de luta continental em defesa da soberania do povo hondurenho!
Desde o dia 28 de junho, há quase quatro semanas, o povo hondurenho se mobiliza pela volta do presidente eleito, Manuel Zelaya.
No momento em que se anuncia uma greve geral de 48hs no país nos dias 23 e 24 de julho, com apoio das três centrais sindicais, é hora da solidariedade ativa no continente em defesa da soberania do povo hondurenho!
O golpe militar que destituiu o legítimo presidente eleito ocorreu duas horas antes do início de uma consulta popular pela convocação de uma Assembléia Constituinte, pedida por 400 mil firmantes, apoiada por Zelaya, mas "criticada" pelo embaixador estadunidense. Dois dias antes, uma manifestação popular obrigara o Exército a devolver o material eleitoral para a consulta.
Honduras é um país de 7 milhões de habitantes submetido a um Tratado de Livre-Comércio com os EUA (onde estão 1 milhão de emigrantes), que autoriza as multinacionais a explorar a mão-de-obra local sem respeitar a sua legislação do trabalho, e mantém a nação dominada por meia-dúzia de fazendeiros exportadores, assegurados por uma grande base militar dos EUA a 97 km da capital, Tegucigalpa.
Apesar da condenação unânime do golpe na OEA (Organização dos Estados Americanos), o comportamento tortuoso do governo estadunidense não conseguiu esconder o seu objetivo: impor um "negociador" na pessoa de Oscar Árias, presidente da Costa Rica, para fazer Zelaya aceitar um "governo de reconciliação nacional" com os golpistas. Com a condição de renunciar à consulta sobre a Constituinte, numa violação da soberania do povo hondurenho, a fim de manter a estrutura agrária, o TLC e o controle do imperialismo!
Seria coincidência se, no mesmo período, o serviço de inteligência dos EUA açulou o governo colombiano e a mídia com a manipulação de um vídeo que acusa o presidente Rafael Correia de ter sido eleito financiado pelo narcotráfico? Correia tomou medidas de recuperação da soberania sobre reservas petrolíferas, suspendeu parcialmente o pagamento da dívida, e terminou a colaboração com a DEA, a polícia "anti-narcóticos" dos EUA, fechando neste sábado a base militar de Manta.
Seria coincidência que, ontem, o Congresso dos EUA receba um informe oficial acusando a Venezuela de se tornar um "narco-estado", ao mesmo tempo em que se abrem três novas bases militares estadunidenses na vizinha Colômbia? Chávez, além de tomar medidas e soberania, através de PetroCaribe, desafiou o controle das multinacionais ao abrir um fornecimento alternativo de petróleo ao governo de Honduras e outros países da região.
Não, nada disso é coincidência!
Como não é coincidência que no Brasil, onde a FUP (Federação Única dos Petroleiros da CUT), o movimento sindical e várias organizações populares pedem a Lula que as bilionárias reservas do Pré-sal sejam destinadas a uma Petrobras 100% Estatal, uma pressão brutal no Congresso Nacional e na mídia tente bloquear um novo marco regulatório do petróleo.
As pressões e agressões são conseqüência da política de Washington e dos capitalistas de apertar o garrote de espoliação dos povos da região para salvar o sistema capitalista da crise.
É a política renovada do presidente Obama no G20 -- ninguém se engane! -- para recapitalizar e tentar recuperar o papel do FMI, enquanto fazem os trabalhadores de todo o mundo pagar a conta da crise com dezenas de milhões de demissões.
"Não o perdoaram"
Em entrevista no dia de hoje, Juan Alberto Barahona, histórico sindicalista da Federação Unitária de Trabalhadores, atual Coordenador do "Bloque Popular" e dirigente da Frente Nacional Contra o Golpe de Estado, explicou como Zelaya chegou à atual situação:
"Primeiro, decidiu uma licitação para comprar combustíveis. Essa licitação foi boicotada. Logo, decidiu se ligar à PetroCaribe. Depois, aprovou o aumento do salário mínimo. O salário mínimo nunca subiu tanto como agora. Em dezembro houve uma negociação entre empresários e trabalhadores, mas finalmente fracassou, pois os empresários queriam rebaixá-lo, nem sequer mantê-lo! Por último, o presidente aprovou o aumento unilateralmente. Os empresários recorreram, mas a Corte terminou dando razão a Zelaya e aos trabalhadores, confirmando o direito ao aumento.
"Isto, evidentemente, criou um importante mal-estar nas classes dirigentes do mundo empresarial. Não o perdoaram. Finalmente, se propôs a consulta ao povo hondurenho para ver se estávamos de acordo ou não, em colocar una quarta urna nas eleições para votar a favor, ou não, de uma Assembléia Constituinte. Isso, aos olhos da oligarquia, foi a gota que transbordou o vaso.
"Queremos esclarecer que o golpe não é contra Zelaya, mas contra todo o povo hondurenho."
Perguntado sobre o que é "negociável" responde: "Muita coisas são. O que é inegociável é o regresso do presidente Zelaya e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, pois o povo tem direito. ...
"Para nós, o apoio internacional é determinante, nos anima a prosseguir."
E, por fim, sobre até aonde pode ir a resistência: "Não temos limites em nossa resistência. Os limites serão postos pela coesão do povo e sua ação em defesa sua soberania."
É nestas condições, que Zelaya fez há uma semana um chamado "à insurreição, com greves gerais, desobediência civil, bloqueio de estradas, e mais, para expulsar os golpistas".
É hora de agir e manifestar!
A situação é grave, muito grave.
Militantes e sindicalistas estão desaparecidos. Houve assassinatos, prisões e espancamentos. Um ônibus de trabalhadores que ia a uma manifestação chegou a ser metralhado pelas tropas do "presidente" Micheletti-Pinochetti.
Em defesa do povo hondurenho, no último sábado, sindicalistas da região bloquearam as fronteiras com a Nicarágua, El Salvador e Guatemala, para "cercar comercialmente o governo usurpador". O Sindicato dos Portuários da América Central, sediado na Costa Rica, havia decretado o bloqueio marítimo de Honduras nos dias 16 e 17. A ITF (Federação Internacional dos Trabalhadores do Transporte) fez um chamado a todos os seus sindicatos afiliados para resistirem contra o golpe de estado, focando seus protestos contra a frota mercante hondurenha.
Tem razão Patrícia Rodas, a ministra de Relações Exteriores destituída, quem em visita oficial à Bolívia declarou que: "Nesse momento, o exército de cidadãos hondurenhos concentra em suas mãos o futuro de toda América Latina e da América Central".
O governo do presidente Lula corretamente retirou o embaixador de Honduras e declarou não apoiar a pretensa negociação.
Para ajudar efetivamente o povo hondurenho o presidente Lula pode e deve fazer mais: pode romper as relações diplomáticas com o governo usurpador que não representa o povo de Honduras, acentuando seu isolamento.
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As organizações políticas, sindicais e democráticas, o PT e a CUT em primeiro lugar, devem tirar as conclusões do que está em jogo em Honduras.
Ditaduras, nunca mais! É o futuro de nossos povos que se joga!
É necessária a mais ampla unidade para defender a soberania e a Constituinte em Honduras, para avançar para a união das nações soberanas da América Latina e do Caribe, em estreita colaboração com os oprimidos e explorados dos EUA.
É hora de uma vigorosa ação nas principais cidades do continente, de norte a sul, para ajudar a derrubar os golpistas!
É necessária e possível uma jornada de luta continental de luta contra o golpe e em defesa da soberania do povo de Honduras!
São Paulo, 22 de julho de 2009
Comissão Executiva da Corrente O Trabalho do PT
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